O maior desastre climático do Rio Grande do Sul, provocado por seguidos temporais nos meses de abril e maio, atingiu 298 dos 497 municípios gaúchos, em maior ou menor grau.
Isso representa 60% das cidades do estado. Dessas, 73 tiveram ao menos 10% da área afetada por deslizamentos, enxurradas ou inundações.
Os dados fazem parte de um levantamento divulgado nesta
quarta-feira (5) pelo MapBiomas, iniciativa que envolve universidades,
organizações não governamentais (ONGs) e empresas de tecnologia, e faz análise
de dados por meio de imagens de satélites.
De acordo com o estudo, enxurradas, inundações e
alagamentos atingiram 15.778 quilômetros quadrados (km²), o que significa 5,6%
do território gaúcho (281.748 km²).
Foram analisadas de forma complementar imagens de satélite obtidas por sensores óticos, que não conseguem informações de alvos encobertos por nuvens, e de radar, que captam dados mesmo com presença de nuvens.
Para definir a extensão das consequências do desastre, os pesquisadores
compararam as imagens recentes com arquivos de 2022.
Com as imagens sobrepostas, o estudo identificou 298
municípios com ao menos 1% do território afetado; 119 foram atingidos em 5%; 73
em 10% ou mais; e 34 em 20% ou mais.
Duas cidades tiveram mais da metade da área afetada, Nova Santa Rita (52,6%) e Esteio (50,1%).
Charqueadas e Canoas completam a lista dos municípios mais atingidos, ambas com 49% do território afetado por enxurradas, deslizamentos ou alagamentos.
A capital gaúcha, Porto Alegre, teve 22.6% da
área atingida.
O estudo analisou também os efeitos dos temporais em áreas
urbanizadas, e a conclusão aponta 5% de toda a área urbanizada do Rio Grande do
Sul.
Dos 497 municípios, 158 ficaram com 1% ou mais da área urbanizada atingida; 47, com 5% ou mais; 22, com 10% ou mais e 6, com 20% ou mais.
Eldorado do Sul figura na pior situação, com 66,7% do território afetado
por deslizamentos, enxurradas e inundações. Em Porto Alegre, a marca foi de
14,5% da área urbana.
O levantamento do MapBiomas fez análises levando em consideração a cobertura e o uso da terra.
As imagens revelam que a atividade agropecuária teve 1,012 milhão de hectares atingidos. Isso representa 64,2% do território usado pela atividade.
Um hectare equivale a 10 mil metros quadrados
(m²), ou seja, uma área com 100m de comprimento por 100m de largura.
O levantamento não tem elementos suficientes para apontar
o tipo de cultivo, nem se as áreas já haviam sido colhidas.
Os pesquisadores notam ainda que alguns danos podem estar subestimados.
"As imagens de satélite são obtidas em várias datas e contêm muitas
nuvens.
Então, algumas áreas afetadas podem não ter sido capturadas
completamente no momento em que estavam com enchente, por exemplo”, explicou
à Agência Brasil o coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo.
Números
De acordo com boletim da Defesa Civil do Rio Grande do Sul divulgado na manhã de hoje, o estado tem 572.781 pessoas desalojadas. Mais de 30,4 mil estão em abrigos.
São consideradas desaparecidas 41 pessoas. O
número de mortes é de 172.
O Lago Guaíba, que banha a região metropolitana de Porto
Alegre, vem se mantendo abaixo da cota de inundação.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a temperatura de
Porto Alegre tende a subir nos próximos dias, e os volumes de chuva no decorrer
do mês serão pouco expressivos.
Fonte: Agência Brasil
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